A exposição INvocação convida o
espectador à reflexão das ações de agentes negros da cultura popular presente
na cidade de Uberlândia que são representatividade na dança, na música e na
capoeira. Do movimento do corpo à sonoridade dos instrumentos cada figura
representada representa seu ser/estar no mundo e as transformações sociais que
suas ações artísticas e culturais produzem no meio em que circundam.
Representados estão os golpes de capoeira, a presença da rítmica dos
instrumentos da capoeira, a dança afro-contemporânea, o hip hop, o tango e a
música.
O termo INocação aqui se coloca
como um trocadilho da vocação enquanto palavra que tem origem no latim
“vocare”, que significa “chamar”, no sentido da essência e habilidade
intrínseca à cada sujeito representado, bem como invocação pode assumir seus
significados e conotações no sentido espiritual, emocional e de celebração no
sentido de clamar.
As figuras representadas trazem
em si conexões com o divino, por meio da ritualidade da capoeira e sua
ancestralidade, e das forças presentes na memória de pessoas que já partiram,
mas que deixaram, e ainda deixam, um legado de inspiração por meio da música e
da dança.
Ao registrar essas figuras em
silhuetas negras, a artista faz em suas criações invocação à memória dos
sujeitos que carregam consigo a grandiosidade do saber ancestral conectando o
mundo imaterial ao material, de forma a celebrar conquistas por eles produzidos
no campo das artes e da cultura da cidade, e clamar para a continuidade de suas
ações.
Flaviane Malaquias