domingo, 18 de maio de 2014

Exposição: Retratística Familiar - Wilson Filho (2014)

Abertura: 22 de maio de 2014 - 20h às 22h
Período: de 23 de maio a 11 de julho de 2014
Visitação: 2ª a 6ª feira - 12h às 18h

Local: Galeria de Arte Geraldo Queiroz, Casa da Cultura
Praça Coronel Carneiro, 89, Fundinho, Uberlândia-MG


O retrato é uma arte antiga que, embora variando em seus enfoques, objetivos e ênfase, há mais de dois mil anos permanece importante para a vida do homem. Na história da pintura, grandes artistas dedicaram-se a desenvolver o gênero – entre eles Jan van Eyck e Hans Holbein, Leonardo da Vinci e Ticiano, El Greco e Velázquez, Frans Hals e Rembrandt. A esse gênero, aliás, pertence a pintura mais célebre de todas. Porém no século XX, com a vulgarização da fotografia, pareceu ter a pintura retratista perdido sua razão de ser. Procurando ressaltar a diferença específica da pintura, muitos artistas elevaram cada vez mais o seu grau de abstração, o que, no caso do retrato, acabou por afastá-lo de sua essência, uma vez que ele exige um nível mínimo de semelhança com o objeto retratado, de maneira que não existe retrato sem a representação figurativa.

Óleo sobre tela, 60 x 50 cm
©2005-2007, Wilson Filho

Se por um lado é inegável que a pintura perdeu para a fotografia muitas de suas funções, as preocupações sobre sua possível extinção, todavia, nunca me pareceram justificadas. Embora tenha perdido a utilidade em certos aspectos, artisticamente a pintura retratista continua tendo sua razão de existir, na medida em que ela nos oferece uma experiência própria: olhar um retrato pintado por um artista é uma experiência distinta de olhar uma fotografia e, igualmente, a experiência proporcionada pela atividade do pintor não encontra equivalente naquela do fotógrafo. Como escreveu Otto Maria Carpeaux, o objeto real, passando pela sensibilidade do artista, transforma-se em símbolo e passa a pertencer “a outra ordem de valores.” Acontece que esse ato de transformação simbólica, nos processos da pintura e da fotografia, não é o mesmo. A pintura retratista estaria em perigo de extinção somente se perdêssemos a capacidade de perceber essas diferenças. Mas, de modo geral, parece não haver mais esse risco, uma vez que são muitos hoje em dia que se dedicam a ela – entre os quais eu me incluo.
Esta exposição traz ao público um resumo de minha produção de retratos no período de 2006 a 2014. A mostra reúne representações que fiz de mim mesmo e de pessoas que me são próximas. Ou seja: é a minha retratística familiar.

Wilson Filho, abril de 2014.

Óleo sobre mdf, 23,3 x 12,3 cm
©2007, Wilson Filho

"Auto-retrato(detalhe)
Óleo sobre mdf, 23,3 x 12,3 cm
©2012, Wilson Filho

Óleo sobre eucatex, 47 x 35 cm
©2011, Wilson Filho

Óleo sobre tela, 60 x 70 cm
©2013, Wilson Filho


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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Exposição # 07: Os Encantos de Medeia - Wilson Filho (2014)

Exposição # 07 do NUPPE
Período: de 14 de maio a 13 de junho de 2014, horário comercial
Local: Espaço expositivo da Imobiliária Tubal Vilela, Uberlândia-MG
Av. Getúlio Vargas, 869 / Uberlândia - MG / Tel: (34) 3230-7600

"Jasão contra o Dragão"
Óleo sobre DVD
© 2014 Wilson Filho


As pinturas desta exposição baseiam-se na peça Os encantos de Medeia, escrita em 1735 pelo dramaturgo português Antônio José da Silva, o Judeu.* 
Com algumas alterações, Antônio José retoma o mito grego sobre a busca de Jasão, filho do rei da Tessália, pelo Velocino de Ouro, carneiro mágico de lãs douradas que teria sido tomado de sua família pelo rei da Cólquida. Com o objetivo de reconquistá-lo, parte em expedição a nau Argos, tripulada por valorosos heróis - os chamados Argonautas - sob o comando de Jasão. Para reaver o Velocino, Jasão deverá realizar quatro tarefas impossíveis, entre as quais derrotar o dragão feroz que dia e noite guarda o carneiro de ouro. Nisso ele receberá a ajuda da filha do rei, a feiticeira Medeia, que por ele se apaixona.

"O Velocino de Ouro"
Óleo sobre DVD
© 2014 Wilson Filho

A história de Jasão e Medeia terá um fim trágico, como se vê, por exemplo, na mais famosa de suas representações, a peça Medeia, de Eurípedes. Após dez anos de união harmoniosa, Medeia será trocada pela filha do rei de Corinto, o que a levará a matar os próprios filhos, num ato de vingança contra Jasão. 
O Judeu, todavia, transforma o trágico em cômico. Sua adaptação é bem resumida pelo seguinte enredo, descrito na rubrica inicial do texto:

Embarca-se Jasão em Tessália na nau “Argos” e parte para a Ilha de Colcos, empenhado na empresa e conquista do Velocino de ouro; e, chegando perto de Colcos, desembarca com Teseu e soldados. Manda El-Rei de Colcos saber a razão do desembarque. É enganado El-Rei. Recebe a Jasão na sua corte. A princesa Medeia, filha de El-Rei, e Creúsa, sobrinha do mesmo, se namoram de Jasão. Concorre Medeia para o furto do Velocino com seus encantos e com eles se livra do castigo de seu pai. Repudiada Medeia por Jasão, este, levando o Velocino e juntamente a Creúsa, indo já embarcados para Tessália, Medeia, zelosa, faz mover contra eles uma tempestade e com ela retroceder a nau “Argos” outra vez a Colcos, onde o rei, ofendido de Medeia, casa a Jasão com Creúsa, dando-lhe o seu próprio reino. Medeia, ultimamente, desesperada por não ver a sua ofensa [vingada], desaparece pela região do ar.

Como em geral acontece nas obras do autor português, as cenas mais engraçadas ficam a cargo de um personagem gracioso: Sacatrapo, o criado de Jasão. Havendo ganhado do rei um anel, Sacatrapo disputará essa prenda com a velha bruxa Arpia, empregada e confidente de Medeia. 

"Sacatrapo 'Invisível'"
Óleo sobre DVD
© 2014 Wilson Filho

Devido ao conflito com as duas feiticeiras, o criado passará por várias desventuras ao longo da peça: será engolido pela terra, terá a cabeça desgrudada do corpo e transformada em cara de burro, enfrentará cobras que estavam escondidas num baú e, encoberto por um suposto pano mágico que o deveria tornar invisível, irá atrás do fabuloso burro caga-dinheiro, o qual é protegido por uma formiga furiosa...

Wilson Filho, abril de 2014

* Antônio José da Silva nasceu no Rio de Janeiro em 1705, mas aos oito anos mudou-se para Lisboa e lá permaneceu até a morte, em 1739.

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