EXÚVIA
“Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual.”
- Fernando Pessoa, O livro do desassossego
Quais são os rostos que habitamos? O que representa a imagem inconsciente do eu que habita em nós? Quem somos e como nos definimos através de nossas identidades? Essas são algumas das inquietações gestantes da produção visual da artista.
Exúvias é um trabalho que nasce após uma experiência de cirurgia facial da artista que resgata e exacerba estas questões e conflitos, trazendo a metamorfose como poética do processo de transformação vivenciado. Não apenas na excepcionalidade da transfiguração cirúrgica, mas como um evento diário. Desta forma, o hibridismo se torna um ponto de partida para a identidade e outras questões que permeiam a história pessoal recente. O hibridismo é autorrepresentativo, traçando um percurso autobiográfico que reflete sobre a maneira com que vivenciamos nossas identidades e evidenciando uma necessidade atual de pensar o eu como um conceito aberto em constante mudança.