A secular Festa do Congado (ou Congada) de Uberlândia acontece nos meses de outubro, atravessando as ruas centrais da cidade com a batida grave de seus tambores, o tilintar metálico das gungas e patagongas, e o colorido intenso que caracteriza os grupos (ternos) de marinheiros, catupés, moçambiques e congos.
Nos cortejos dançantes em louvação à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, destacam-se os adereços carregados de simbologias, ornados com flores, fitas, pedrarias e tecidos brilhantes, em feitios artesanais que se conectam às festividades da cultura popular brasileira.
Na pesquisa acadêmica e visual de Sérgio Rodrigues, as Escolas de Samba e sua visualidade ganham ênfase. Atuante nos festejos carnavalescos da cidade, o artista lança seus olhares para o Congado, principal expressão popular de Uberlândia, interessado na diversidade de texturas, sobreposições e efeitos visuais dos adereços que integram a indumentária dos congadeiros e também os estandartes que identificam os ternos.
Através da fotografia, registra a materialidade pictórica de chapéus, mantos, coroas e brasões, que assumem múltiplos sentidos em seu contexto original. Recortados deste, estes elementos transbordam para novas possibilidades de leitura e apreciação estética.
A exposição reúne fotografias realizadas ao longo de seis anos acompanhando os cortejos, onde os fiéis são identificados não pela sua face, mas pelas cores de seus trajes (que os conectam ao terno ao qual pertencem) e pelo design de seus ornamentos e acessórios, que podem ou não seguir o padrão de seu grupo. Assim, o conjunto de imagens nos permite também refletir sobre as relações de identidade e alteridade que marcam a vida social e estão refletidas também nas expressões culturais.
(Outubro / 2024)