O site The Gombrich Archive reúne artigos, resenhas, obituários e entrevistas do historiador da arte Ernst Gombrich (Viena, 1909 - Londres, 2001). Trata-se de material publicado em diversos meios, mas que não consta nos livros do autor, publicados pela editora Phaidon.
No site, o leitor encontrará textos em inglês, espanhol, alemão e francês.
Dentre eles, há um interessante comentário, de apenas uma página, chamado Art is Long..., em que o autor faz breves considerações sobre a importância da tradição para a arte. Partindo de uma citação de Hipócrates, "A arte é longa, a vida é curta", Gombrich confessa sentir, às vezes, que os artistas fariam bem em se lembrar dessas palavras.
"Nenhum cientista", continua Gombrich, "precisa ser alertado de que qualquer progresso ao qual ele objetive deve ter como ponto de partida o presente estado do conhecimento. Os artistas algumas vezes parecem ter a esperança de que eles podem começar do zero e criar uma nova arte por meio de um salto da imaginação. Alguém pode admirar a inventividade, engenho e coragem de tais tentativas, e ainda assim ter a sensação de que essa nova arte permanecerá fadada ao fracasso precisamente porque ela carece da experiência e do amparo de uma tradição."
O autor se apressa em explicar que isso não equivale à nostalgia pelos bons e velhos tempos. O que ele quer salientar é que nossas experiências estéticas, assim como as cognitivas, são inseparáveis de nossas expectativas. "Tanto a emoção da surpresa quanto a satisfação da familiaridade residem em nossos conhecimento, crença e experiência prévios." Seja lendo um artigo científico, assistindo a um jogo ou visitando uma exposição, "nós nunca podemos entender o que está acontecendo sem um mínimo de informação previamente adquirida."
Embora acredite que "Novas formas de arte certamente poderão surgir no futuro do mesmo modo como surgiram no passado", Gombrich afirma que, para isso, é preciso tempo. É preciso tempo para que os padrões se desenvolvam e a criatividade seja apreciada.
A fim de deixar isso mais claro, o autor termina citando o que escreveu na conclusão de seu livro The Sense of Order:
A fim de deixar isso mais claro, o autor termina citando o que escreveu na conclusão de seu livro The Sense of Order:
"Leva tempo para que um sistema de convenções se cristalize até o ponto em que cada sutil variação tenha importância. Talvez nós estaríamos mais aptos para alcançar uma nova linguagem da forma se nós estivéssemos menos obcecados com a novidade e a mudança. Se nós sobrecarregamos o sistema, nós perdemos o suporte de nosso senso de ordem."
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