Pinturas Recentes reúne trabalhos desenvolvidos por
alunos da graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia e
Casa de Ideias. Nesses trabalhos, em processo experimental, a pintura é
investigada tanto a partir de técnicas tradicionais quanto por sua relação
intrínseca com a matéria, expressa nos processos de oxidação e corrosão de
chapas metálicas.
Os trabalhos de Rosemário Souza sugerem uma paisagem urbana
pensada e construída como ruína. Nas chapas de aço, carcomidas por sucessivos banhos
de ácido, surgem traços, vestígios arquitetônicos, sinais do eterno processo de
construção e destruição que caracteriza o cotidiano das cidades.
Brayn Arantes investiga o processo pictórico em sua sutil
relação com o tempo. Cada uma de suas chapas de metal são expostas a diferentes
ácidos, por um período variado de tempo. Nesse processo, o acaso imprime na
matéria as marcas de uma duração e nos dá a ver uma temporalidade expressa em
pátinas, em oxidações e na própria degradação da matéria.
Se a materialidade constitui o cerne do trabalho desses dois
artistas, o que aproxima Gabriela Dionísio, Vania Armada e Cleiton Ferreira é o
interesse pela figura humana. Para eles, o corpo é pensado a partir de sua
inquietante ambiguidade, como retratos afetivos ou ainda como um possível registro
antropológico.
Resiliência e resignação, disciplina e indocilidade. Pistas
sutis nos indicam a tensão que atravessa cada uma das figuras que Gabriela nos
apresenta. Nesse conjunto de imagens, o corpo ora confunde seus limites com o
substrato, ora ele embaralha as fronteiras entre os gêneros e aproxima morte e
erotismo. São imagens que nos põem à deriva, longe de qualquer certeza.
Os retratos de Cleiton Ferreira são
marcados pela informalidade, pela espontaneidade do traço e pela economia de
meios. Cores vibrantes recortam os corpos da existência cotidiana para
inseri-los na virtualidade da imagem.
Pintar o corpo, pintar sobre o
corpo, pintar o corpo pintado. Gesto dobrado sobre o qual se debruça o trabalho
de Vania Armada. A iconografia utilizada por tribos indígenas redesenha os
limites do corpo pintado, do corpo feito de terra, do corpo imagem.
Curadoria: Aninha Duarte e Rodrigo Freitas
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